quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O Cénico da Incrível - Poema de Orlando Laranjeiro

O Cénico da Incrível

Fora de cena, quem não é de cena
As pancadas de Molière batidas devagar
Apaguem as luzes, subam o pano
O espectáculo vai começar!

É apenas mais um, dois, três actos
Escritos na nossa própria vida
Talvez meia dúzia de aplausos
P’rá personagem por nós vivida
É assim o Teatro que amamos
Com pronúncia de amador
É por ele que lutamos
É com ele que nos deitamos
Em noites fartas de amor

É este o Teatro que herdámos
Que entre ravinas e veredas continuámos
Fazendo e absorvendo cultura
Reacendemos a magia e a paixão
Deste palco e deste velho salão
Onde o encanto e o sonho ainda perdura

Já fomos “Fonte dos Milagres”
Vizinhos do “res-do-chão”
Representámos “Topaze”
De “Cabaz de Frutas” na mão
Fomos “Pássaro de Asas Cortadas”
“História da Avozinha”
“Dama das Camélias” encantadas
E da “Micaréme” Rainha

Fomos “Dois maridos em apuros”
E “Festa no Ribatejo”
Com “Lápis de Cores” seguros
Nos cenários do nosso desejo
Por isso “Acertámos o Passo”
Desafiámos a sorte
E já com Abril no regaço
Acolhemos o “Chico do Norte”

Encenámos “O Pão” que o diabo amassou
Mantivemos “As Cadeiras” no seu lugar
E uma “Cantora Careca” que nos contou
Histórias lindas de pasmar
Respeitámos todo esse passado
Despertámos novas paixões
Somos por isso dignos deste legado
Já percorremos “As Quatro Estações”

Data de há longos anos a nossa história
Dela fazem parte nomes inesquecíveis
Gente bonita que povoa a nossa memória
Como grandes e prestigiados INCRÍVEIS
E nesta casa feita de alma e tradição
Centenária e indestrutível
Há-de sempre bater o coração
Do CÉNICO da INCRÍVEL

Orlando Laranjeiro

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